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  • Foto do escritorWilson Nomura

Quem governa o nascimento? Quem governa a morte?



A morte parece, segundo o senso comum, ser governada por Deus e o Diabo, ambos disputando quem, como, quando e porque a alma deve ser extraída de seu corpo temporário, para ser levado ao seu destino desgraçado ou cheio da graça.


Já no nascimento, o domínio é o soberano e divino ou a disputa é compartilhada com o soberano maligno?


Dado a quantidade de almas boas e más proliferarem simultaneamente, numa taxa favorável a um e desfavorável a outro, desconhecida de nós, pobres e ignorantes mortais, pode-se concluir que a contenda é acirrada, longe de uma vitoria final e definitiva de cada um dos competidores.


A constatação parece ruir abaixo o dogma de que Deus controla tudo no universo. É verdade, no sentido, de que Ele pode abrir mão desse direito e poder, cedendo-lhes ao ser humano, na escolha do lado claro e escuro da natureza da vida, ensinando-o da responsabilidade e as conseqüências de sua opção.


Deste modo, no momento da gestação, o espírito a ser encanado é escolhido inconscientemente, pela afinidade psicológica, moral, intelectual e espiritual do casal, gerado pela lei imutável da gestação, passível de ser violada, a qualquer momento, seja pelos pais ou por circunstâncias fora do controle.


O nível das qualidades dos cônjuges determina a origem anímica do rebento, sejam os degraus ascendentes celestiais ou os descendentes diabólicos, em que cada escada gradua a bondade ou maldade inerentes no nascimento.


Por vezes, a concepção de uma alma dos últimos degraus excelsos, em muito superiores à escalada presente do casal adotivo, concretiza a benção milagrosa de um ser, destinado a iluminar a escuridão existencial da humanidade.


Por outro lado, a prenhes de um ser abjeto, em descida infernal, muito mais distante e profundo do que os amantes geradores, realiza a maldição de uma entidade, prestes a enturvar a luminosidade vital do mundo.


Tal discrepância entre os criadores e criaturas, subvertendo a lógica de fenômenos tão cruciais, remete à crença de que ambos os casos sofreram interferência de seus respectivos mestres, criadores mor de suas criaturas férteis.


Aparentemente, a intervenção dupla e oposta, violou a regra de respeito mútuo, onde um dos lados inicialmente apelou para uma de suas armas secretas, para desequilibrar o jogo em desvantagem, ou ampliar ainda mais a vantagem, sendo copiado pelo inimigo, na reação oposta, procurando-se o reequilíbrio do poder, dinâmico e perpétuo.

Neste aspecto, o maléfico leva vantagem estratégica, pois não titubeia em tentar abortar mais um inimigo nascente, o que não sucede ao seu arqui-inimigo.


Além disso, acontece do casal gerar uma criatura muito mais elevada, escaladora de uma escada proprietária do inimigo, ao qual não pertence.


Assim, como se sucede o nascimento de criatura bem menos evoluída, descendente da escada opositora do oponente, pelo casal mais desenvolvido.


Os mistérios do nascimento e da morte, com suas liberdades falsas, são enigmas às almas humanas, indefesas à mercê da luta primordial eterna em que o sucesso benigno lhes traz felicidade, e a conquista maléfica provoca o infortúnio.


Wilson Nomura

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