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  • Foto do escritorWilson Nomura

Insensibilidade mortal


Nunca vou me esquecer do rosto da morte, de gorro na cabeça, ocultando totalmente a

identidade de um dos palestinos, que assassinaram a sangue frio onze atletas judeus, aos

quais, roguei em vão, para que sobrevivessem , quebrando a maldição deste povo tão invejado pelos homens e, ao mesmo tempo, tão abençoado por Deus.

A cada dia, angustiado, procurava o que não queria encontrar: um desfecho trágico que, se

fosse, confesso, só pelo lado agressor, aplaudiria, mas se fosse pelo lado das vitimas,

lamentaria, como de fato aconteceu. Fiquei, de verdade, dias de luto.

Em 1978, infelizmente, mais uma tragédia veio testar minha sensibilidade: o suicídio

coletivo/assassinato de 909 americanos, perpetrado pelo pastor Jim Jones.

Temas tão pesados refletem os atuais, obesos mórbidos em sua malignidade e extensão.

Desafortunadamente, sei como é ser cidadão, vítima de um líder da nação, que desempenha papel de inimigo e carniceiro, no abate voluntário da população, nas filas impositivas das câmaras de oxigênio, geradas pelo desuso da vacina, transformada em arma letal.

Confinada em seus lares, esperando que as explosões do surto não atinjam suas famílias, a

ajuda salvadora é negada, ao mesmo tempo, em que é exortado a abandonar o isolamento,

garantido por uma segurança alucinógena, o morador é personagem remake (repetido), do

morador das cidades bombardeadas de Londres ou Berlim, na II Guerra Mundial.

Na época, despido de seus direitos de trabalho, saúde, bem estar, segurança, liberdade de ir e vir, sujeito a ser arrastado à morte, sem qualquer aviso, um reencarnado inglês ou alemão aqui, juraria que reviveu na distopia do século XXI, com toda razão e loucura.


O registro de naturalidade, de pagador de imposto e da carteira profissional não lhe dá direito ao passaporte da liberdade e salvaguarda, confiscada por crime de passividade, ingenuidade e honestidade, ao exercer de maneira irresponsável, os direitos do título de eleitor. O antigo registro em sua lapela, seja a estrela de seis pontas ou cruz suástica invertida é substituída pelo registro invisível da vitima comum, pelo mandante, que menospreza amplamente.

Ainda assim, há os que o apoiam, possíveis futuros assassinados pelo seu ídolo.

Tecnicamente, a insensibilidade do governado é idêntica ao governado, sendo que neste é

provocado e no outro é injustificado, primordialmente, pela posição de destaque, obrigação e dever público.

Mesmo assim, cabe ao eleitor, função importante de protesto, postergado ou evitado pelo

egoísmo justificado de auto-preservação, incluindo a família e amigos, receosos da reação

covarde do governo, permitindo, por outro lado, a manutenção da mesma ordem, tornando-o conivente com as atrocidades em geral.

Em resumo, a indiferença moral incentiva o “martirizador” e imobiliza o martirizado,

fomentando o genocídio.

Até que ponto o massacre continuará neste estágio, pelas mãos do algoz, que passará para a fase seguinte, com um golpe de estado, ou pelas mãos do povo mártir, por outro golpe de

estado, finalizando com o estágio atual?

O desfecho, mantidas as mesmas circunstâncias, promete ser breve.

Só espero que o luto não me emocione muito mais do que as tragédias mencionadas de um

passado que não vivenciei ou sofri, dando lugar a vitoria, me emocionando pelo presente que vivencio e vou parar de sofrer.


Wilson Nomura

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