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Pré-candidato, tradutor de libras de Bolsonaro quer chegar ao Congresso para defender acessibilidade e direitos humanos


Fiel escudeiro do presidente em discursos e anúncios oficiais, Fabiano Guimarães resolveu disputar as eleições após receber a benção da primeira-dama, de ministros, parlamentares e membros da comunidade de surdos.

Em Brasília, tradutor de libras Fabiano Guimarães ao lado do presidente Jair Bolsonaro

Conhecido por ladear o presidente Jair Bolsonaro (PL) em viagens, eventos e discursos e responsável por traduzir as falas para a Língua Brasileira de Sinais, o professor Fabiano Guimarães, de 42 anos, vai se aventurar no mundo político. Filiado ao Republicanos, o carioca, nascido em Belford Roxo, é pré-candidato a deputado federal.

O interesse em disputar as eleições surgiu após incentivo de ex-ministros, de parlamentares, de representantes da comunidade de surdos e de sua própria família. “Eles acreditam que posso levar uma representação muito forte, principalmente nas questões de acessibilidade e direitos humanos. Confio nesta proposta, com pautas conservadoras”, disse em entrevista à Jovem Pan na quarta-feira, 15. Nas urnas, o docente vai adotar o nome Fabiano Libras. Na campanha, defenderá cinco pilares: acessibilidade, inclusão, tecnologia, empreendedorismo e desenvolvimento social.

Integrado ao universo bolsonarista, Guimarães também vai encampar uma batalha contra pautas caras aos apoiadores do presidente da República, como o aborto, a sexualização precoce de crianças e a liberação do uso de drogas. O pré-candidato garante que, se eleito, vai dar prioridade às políticas públicas para acessibilidade e direitos humanos, em especial em defesa dos idosos, de deficientes, surdos e portadores de doenças raras. “Também vou focar na educação e no esporte, na área de atletas paralímpicos e surdos”, resume. Em relação a projetos, o intérprete de libras do presidente comentou, sem dar detalhes, que vai trabalhar em ações de fortalecimento dos vínculos familiares, além de dar continuidade no apoio ao empreendedorismo das mulheres. “Principalmente das mulheres com deficiência, que não estão tendo tanta participação”.

A pré-candidatura de Fabiano Libras conta com o apoio de ex-ministros do governo Bolsonaro, como Damares Alves, ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, de Rogério Marinho, ex-secretário especial da Previdência e ex-ministro de Desenvolvimento Regional, do ex-ministro da Cidadania, João Roma, além de Gilson Machado Neto, ex-ministro do Turismo, que também se notabilizou por tocar sanfona em eventos e nas lives semanais do chefe do Executivo federal. O tradutor, como esperado, diz que irá associar sua campanha à de Bolsonaro.

Segundo ele, o presidente e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, deram a benção para a sua aventura política. “Eles aceitaram de imediato. O presidente, há pouco tempo, me perguntou se estava firme com a pré-campanha e eu disse que sim”, comentou. Guimarães, inclusive, diz acreditar na reeleição de seu padrinho político. “É o mandatário mais inclusivo que teve no Brasil. Ele resgatou o orgulho de ser brasileiro. Acredito muito nele e as manifestações no País mostram que ele tem conduzido bem o nosso governo”. De acordo com as pesquisas de intenção de voto divulgadas até o momento, Bolsonaro está atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário, na corrida pelo Palácio do Planalto.


Em entrevista à Jovem Pan, Fabiano Guimarães também conta como chegou ao cargo de tradutor de Bolsonaro. Em março de 2019, no primeiro ano de governo, ele ficou entre os primeiros colocados em um processo seletivo para o Ministério da Educação (MEC). “Em julho, recebi uma ligação dizendo que estava tudo ok e que seria nomeado em agosto”. Contudo, no dia seguinte, recebeu outra ligação e foi informado de que não atuaria na pasta, mas sim como intérprete do presidente. “Não acreditei. Fiquei muito feliz pela oportunidade”, relembra. A posse do cargo aconteceu em setembro daquele ano. De lá para cá, Guimarães está quase sempre ao lado do mandatário do país – seja em discursos ou anúncios oficiais do governo.

Entre tantas missões, a mais marcante é primeira tradução que fez já como servidor da Presidência. O professor se orgulha de ter permitido, pela primeira vez, que pessoas surdas tivessem acesso à fala das maiores autoridades do país. “É um trabalho de democracia, de liberdade, porque não precisa mais ser filtrado. Hoje, todos os surdos estão no mesmo patamar de comunicação de toda a população. Mudou totalmente a minha história”.

Houve, ainda, uma situação inusitada vivenciada por ele. Há cerca de um mês, durante uma live semanal, Bolsonaro pronunciava, quando esqueceu o nome de um de seus ministros. “Ninguém ali por perto dele lembrava. Mas eu sim. Estava angustiado para falar e falei”, conta. Guimarães disse que, na sequência, ficou surpreso com a fala do presidente. “Na hora que falei o nome do ministro, ele olhou para mim e perguntou ‘você fala?’. E respondi positivamente. Para mim, isso foi de extrema importância, pois todos que estavam assistindo descobriram que eu falo. Não é porque sou intérprete de libras, que não posso falar. Muitas pessoas acham isso”, explicou. Antes de se tornar uma espécie de fiel escudeiro do presidente, Fabiano Libras passou pela Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis) e pela Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos (Apada).

Tradutor de libras

O interesse pela língua de sinais veio aos 8 anos, em uma igreja, localizada na Baixada Fluminense, em Belford Roxo, onde Guimarães começou a aprender. “De lá para cá, me tornei um profissional e conheci a minha esposa, que também é intérprete. Inclusive, temos dois filhos que estão aprendendo a língua de sinais”, afirma. Hoje, o pré-candidato é professor de libras, graduado em letras português-espanhol e especialista em linguística e produção de texto.

Ele também tem mestrado em educação e é professor de libras do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) e tutor do primeiro curso de letras libras bacharelado à distância da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Além disso, o carioca criou a faculdade de letras libras-português em uma universidade privada. Para seguir com a campanha eleitoral, o pré-candidato a deputado federal vai deixar o cargo de tradutor em 30 junho.


Fonte: Jovem Pan

Indicação da Matéria: O Editor

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