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  • Foto do escritorWilson Nomura

Humildade divina e humana


Felizmente, a “infinitude”, a eternidade, a plenitude e a universalidade de Deus não

deixam sua soberba ser contaminada por estes adjetivos, do contrário, a existência de todas

suas criaturas seria um “inferno”!

Imagine-se a propaganda divina poluir todas as atuais criações, nas membranas

celulares com a seguinte mensagem microscópica: “Você não tira os olhos de mim!”, nas peles epidérmicas com tatuagens de nascença escritas “Você foi feito por mim”, ou nas estrelas formando o aviso: “Você não está sozinho”!

A discrição humilde do autor universal possibilita, entretanto, a descrença humana de

sua existência, apesar de intermináveis provas cabais a favor, na própria natureza em que evita ser divulgado.

Ao invés de impor sua identidade colossalmente ímpar, prefere ocultá-la, ficando

invisível; só companheiro de conversa pelas orações, pedidos e agradecimentos; e

correspondente de seu grandioso amor, quando o crente se aproxima dele.

Sua criatura, todavia, portador de um saber infimamente menor, faz questão de

alardear, aos quatro cantos das dimensões da realidade, suas verdades promovidas a

absolutas, universais e inquestionáveis, sobre a identidade do Criador, revelada pelas

escrituras sagradas, praticamente terceirizadas quanto à autoria, pela tradução traiçoeira dos séculos e das civilizações diferentes.

Ainda que permaneça a verdade divina, resumida pelas três frases propagandísticas

mencionadas, cada pregador toma posse delas, anunciando- como únicas e dignas de serem aceitas e respeitadas, como se os outros afirmassem verdades diferentes ou falsas, devido a interpretações, conjunturas e conclusões diversas, dos textos sobrenaturais anexos e respectivos.


A variedade da literatura religiosa deífica, que deveria ser compartilhada entre os

povos para enriquecimento sábio e espiritual mútuo entre os povos, serve, entretanto, como

motivo de discórdia soberba e inútil, dado que baseia-se em opiniões de fé, e não de fatos

incontestáveis ocorridos e testemunhados diretamente do Criador.

Mais uma vez, a camuflagem da identidade divina se justifica, na lição ensinada e não

aprendida pela humanidade: “a humildade unifica, a soberba separa”.

A diversificação de dogmas, preceitos, ritos, conhecimentos e sabedorias dos guias

espirituais deveria esclarecer o papel secundário, não menos importante, dessas

características, que deviam ser encaradas como múltiplas visões facetadas de um único Deus, ricas o suficiente para serem sujeitas a tantas interpretações, pelas civilizações através dos tempos.

Deveria ser uma situação mais que óbvia, dada a complexidade descomunal e

incomparável a qualquer outra criação e criatura de Deus, que é impossível de ser estudado,

compreendido e aceito profunda e perfeitamente, por meio de uma única religião, presa ao se povo crente, em certa posição geográfica e em certo tempo finito da Terra, um corpúsculo insignificante no universo sem medida e tempo.

Ainda que todas as religiões, seitas e filosofias do mundo, de todos os tempos, se

fundissem numa universal, o entendimento do Criador seria tremendamente falho, parcial,

tendencioso e datado.

Pois a sabedoria finita humana nunca abarcará a infinita divina.


Wilson Nomura

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