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  • Foto do escritorWilson Nomura

Felicidade artificial e natural. Ao final de cada ano, costuma-se dizer que, o tempo passa...



Ao final de cada ano, costuma-se dizer que, o tempo passa cada vez mais rápido, como se as dimensões do tempo e espaço universal estivessem sendo comprimidos por algum buraco negro cósmico, encolhendo ainda mais, a existência da raça humana, já reduzidas em instantes relâmpagos, nos dias e noites mutantes durante a eternidade.

O que está em transformação é a percepção da realidade, perante o mundo circundante, tecnológico, materialista, na rapidez da luz, transporte áudio visual e informativo, de toda a gama de conhecimento humano, sem pausa para uma auto consciência, do destino final, a não ser por blackouts na rede elétrica, de telefonia e virtual da Internet, por causas naturais ou por ataques cibernéticos de hackers adolescentes inconsequentes ou de criminosos profissionais.

O escapismo rebelde prolongado é castigado por bullying e por isolamento digital e social, seja na escola, no trabalho ou nos ambientes de lazer.

A interação social e presencial, diminuída pandemicamente, é superada pela digital e virtual, em sua relevância, significado e conseqüências, em que a imagem literal, individual e sociológica, comumente falsa e superficial, sobrepõe a verdadeira e profunda, oculta sob a necessidade da felicidade, plenitude e satisfação perfeitas, cobradas para serem seguidas como exemplos máximos da vida.

Por outro lado, os fracassos trágicos são perdoados, condenados ou relativizados pelos conteúdos ideológicos políticos, religiosos, filosóficos, morais e até científicos, rebaixados de sua certeza erudita e sábia, pelo negacionismo patológico, reacionário, de efeito colateral, devido ao excesso de exposição midiática, estimulativa sensorial e intoxicante, de todo conteúdo informativo significativo ou vago, a nos bombardear 24 horas por dia, mesmo no sono ruidoso dos fones de ouvidos esquecidos ligados nos ouvidos.


A recusa da aceitação de fatos banais como a redondeza do planeta, a viagem à Lua, e eficiência da vacina do Covid, por exemplo, é tão maligna como as superstições ancestrais, sem fundamento prático, lógico ou empírico.

O radicalismo opinativo nas bases do conhecimento humano reflete a intolerância generalizada, decorrente contraditoriamente, da aldeia global de intercâmbio noticioso, instantâneo e ininterrupto, em que deveria reduzir o mundo, em uma pequena aldeia de costumes, pensamentos e crenças homogêneos e padronizados, pela transmissão cultural e hereditária, contrariando Herbert Marshall McLuhan.

A poluição informativa de entulho obriga a assepsia exagerada e ilimitada, criando ilhas individuais do oásis ideal, fantasioso, isolado das tempestades da areia suja ideológica.

O cidadão humano nunca esteve tão isolado, não presencialmente, mas espiritualmente, em que é necessário guardar a própria opinião sobre qualquer assunto, com a certeza de contradizer uma minoria discordante, seja um único amigo, a família, um clube social, a empresa, ou qualquer outro grupo social.

O enriquecimento social, cultural, e sapio, ficou empobrecido pelo extremismo generalizado, aprofundado na análise minuciosa até os mínimos e supérfluos detalhes, significativos em sua exibição e em sua propagação amigável ou à força de argumentos puramente emocionais e ilógicos, não raro, demonstrados pelas armas letais.

Em pleno ofuscamento do raio laser, em todas as direções e distâncias planetárias, o mundo vive uma Idade das Trevas tecnológica, com apagões de consciência, inteligência e humanidade, retroagindo a evolução terrestre a dezenas ou centenas de progresso civilizatório, talvez, preparatório da próxima geração da raça dominante, inumana e mais desumana que o próprio criador: a do robot , criado à sua semelhança ou não, humanizando mais e mais no comportamento mecânico, mas frio e impessoal no coração cibernético que não possui fisicamente, somente em simulacro de um aplicativo digital.

Atropelado pela velocidade das rodas da própria ciência, o homem do século XXI percebeu que se enganara na criação da fonte da felicidade artificial, única invenção que não pode ser copiada da natural, só inspirada.



Wilson Nomura


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