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  • Wilson Nomura

Clima existencial


Imagine-se, por um minuto existencial, que o reino vegetal adquirisse a consciência

equivalente à nossa, ciente de sua função ecológica, nutricional, ecossistêmica e plástica na

natureza; e de sua longínqua ou fugaz vitalidade, característica a cada grupo respectivo de

espécie, que aceitaria estoicamente ou reclamaria rebeldemente o destino fadado.

Os troncos das árvores demandariam uma locomoção maior, para crescer em novos

ambientes. As plantas de caule curtos e frágeis exigiriam a rigidez e força das árvores. As flores reivindicariam utilidade mais visível, como os frutos. Os frutos pleiteariam duração maior e as sementes intimariam germinação mais rápida.

Imagine-se, por um minuto existencial, que o reino mineral adquirisse a consciência

equivalente à nossa, ciente de sua função estrutural da crosta terrestre, na geografia

continental terrestre, fluvial e marítima, e no embelezamento paisagístico da natureza; e de

sua longeva vitalidade, dura, rígida e praticamente imutável ao longo dos séculos. Os

pedregulhos reclamariam de sua inutilidade em profusão. As rochas pleiteariam mobilidade

maior contra o tédio dos eternos cenários, as cavernas suspirariam o vazio de seus interiores,

os rochedos enormes demandariam ser menos fustigados pelas águas dos rios e dos oceanos.

Deste modo, a raça humana do reino animal, estabelecida entre o oito e oitenta, na

escala da evolução existencial dos dois reinos, possui características comuns a ambos.

A fragilidade bela e pró-criativa do corpo é sustentada pela resiliência do caule

espiritual.

O talo delgado é flexível às tempestades de injúrias caluniosas.

Os frutos das ações individuais geram uma colheita de bênçãos ou maldições coletivas.

A família estruturada por troncos morais sólidos forma uma floresta robusta e

poderosa. A dieta sustentável de pensamentos saudáveis resulta em base psicológica sólida

como uma rocha. As sementes emocionais resultam em frutas intragáveis ou agradáveis ao

pomar mental plantado.


As atitudes humanitárias das abelhas disseminam a fraternidade em todos as

superfícies comportamentais continentais.

As entidades humanas ladras das seivas alheias engrandecem com um grande vazio em

suas cavernas sentimentais.

A perenidade dos rochedos espirituais se mantém firme às investidas das tentações

fluídicas.

A rotina imutável do penhasco combina com o tronco da perseverança que cresce com

os anéis do tempo.

Em resumo, cada espécime humano detém qualidades híbridas vegetais e minerais,

que influenciarão e determinarão a qualidade de suas sementes, de seus frutos, de suas flores e de suas colheitas vitais e existenciais, que desenharão a paisagem de sua vivência repleta de belos campos de penhascos de amor gloriosos e vitoriosos, ou de desertos estéreis salpicados de pedregulhos de ódio, egoísmo e soberba.

A ecologia sagrada administrada pelo semeador maior, mantém o equilíbrio ecossistêmico entre o agricultor, os nutrientes, as vitaminas, as ervas daninhas, as pestes, os agrotóxicos, as intempéries e as calamidades espirituais na labuta da colheita evolutiva peremptória e sazonal, para cada amostra individual, com o ciclo temporal particular e único de subsistência frágil vegetal ou robusta mineral, inquestionável e perfeito.

O senhor do tempo universal comanda o clima de cada ser vivo vegetal, mineral ou

animal, imprevisível segundo as complexas leis divinas eternas.


Wilson Nomura

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