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  • Foto do escritorWilson Nomura

A tal da felicidade


Foto: Awebic


A felicidade é um estado durável de plenitude, satisfação e equilíbrio físico e psíquico, em que o sofrimento e a inquietude são transformados em emoções ou sentimentos que vão desde o contentamento até a alegria intensa ou júbilo. A felicidade tem, ainda, o significado de bem-estar espiritual ou paz interior.

A felicidade é um tema central do budismo, doutrina religiosa criada na Índia por Sidarta Gautama por volta do século VI a.C. Para o budismo, a felicidade é a liberação do sofrimento, liberação esta obtida através do Nobre Caminho Óctuplo. Segundo o ensinamento budista, a suprema felicidade só é obtida pela superação do desejo em todas as suas formas.

A existência das infinitas definições da felicidade deve-se ao fato de sua complexidade tão rica e profunda como a vida, fonte, instrumento e objetivo divinos deste sentimento nobre mental, físico e espiritual.

Muito longe de ser única estacionária e de tamanho definido, varia em intensidade, tipo causa e duração, seja um fugaz segundo, alguns minutos, horas, dias, anos ou a vida inteira, dependendo da circunstância existencial.

Inúmeros momentos felizes, dentre outros tantos infelizes, possuem fonte externa, seja material ou imaterial, orgânica ou espiritual, necessária ou desejosa, essencial ou supérflua.



Já a felicidade plena não é episódica, momentânea e finita, pois é gerada e mantida pelo espírito, intelecto e crença no sobrenatural, que supera todas as vicissitudes temporárias e permanentes, anestesiando a dor, pela transmutação em ensino edificante, calejando a alma, que se torna mais forte, sem cuja qualidade, tal milagre é impossível.

Sim, pois a fraqueja existencial é amiga da infelicidade, mãe da ignorância, pai da inveja e irmão da paralisia, configurando sozinha toda a família atrativa de desgraças reais e imaginárias.

O membro solitário, passivo e responsivo, contenta-se com as pequenas migalhas felizes da vida, enquanto que o protagonista social, pró-ativo e autônomo, consome todo o menu vital, de gosto amargo, ácido, azedo, doce, salgado ou apimentado, como se fosse o manjar dos deuses, a quem agradece por tudo, pois a simples existência é uma dádiva divina de imenso regozijo.

O tempero interno que ameniza os extremos do sabor da vivência é o coração humilde e grande, a mente aberta e crente, o espírito benevolente e íntegro, caracterizando a receita para a busca da felicidade, que não se trata de prato feito, e sim de pedido especial e particular a cada consumidor.

O cardápio infantil, geralmente, deve ser composto por motivações e desejos saudáveis, amorosos e divertidos. Enquanto que o adulto já permite a recepção de aspirações mais ambíguas, sérias e responsáveis, gerando sofrimentos imensos, nas eventuais derrotas.

O idoso, raramente, se transforma no degustador dos estímulos externos e internos, apreciando os positivos e negativos, no aprendizado constante e derradeiro, em que utilizará sua sabedoria adquirida,na esfera sobrenatural, cujo status acredita piamente, sem a qual, toda a presença infeliz gratuita e feliz conquistada, não teria sentido.

A paz de espírito não é obtida com a superação do desejo, o que caracterizaria uma morte vivencial sem estar morto. Assim como o corajoso, é aquele que enfrenta o medo e não a anula, por ser instrumento essencial à sobrevivência; o desejo vil, supérfluo, ilusório e material deve ser substituído pelo elevado, puro,real e espiritual, de se assemelhar a Deus, fonte única da felicidade realmente plena e absoluta, através do amor infinito.

Ser feliz é amar.



Wilson Nomura

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